15 de agosto de 2007

Papa e Mano Brown

Notícia que retiro de: http://www6.prefeitura.sp.gov.br/secretarias/cultura/imprensa/0297

Sei que é fato antigo, da época em que o Papa visitou São Paulo, mas lembrei deste artigo em conversa que tive com o colega professor Carlos (Cacá);


Massa desobedece papa e Mano Brown
Fonte: Folha de S. Paulo




MADRUGADA DE domingo retrasado, praça da Sé, centro de SP. Fãs dos Racionais MCs, que tocavam ali, começam a depredar a área. Mano Brown, líder da banda, pede com firmeza: "Vamos ficar no sapatinho, ficar na moral, curtindo a festa".
Tarde de quinta passada, Pacaembu, zona oeste de SP. Em um encontro com jovens, o papa Bento 16 aborda temas atuais. Pede que os católicos mantenham a castidade "dentro e fora do casamento".
Em meio ao quebra-quebra, Mano Brown dirige-se aos fãs na linguagem das ruas. "Está suave, mano. Tem que preservar a vida. Se você não tem amor pela sua, preserva a do outro."
O papa busca se aproximar de seus seguidores, mas usa termos difíceis ("ascese") e formas verbais incomuns ("vivei").
A violência cresce na praça da Sé. O público enfrenta a PM. A voz de Mano Brown denota menos confiança. "Vamos dizer que seria uma rebeldia desnecessária agora. Vamos usar a inteligência."
O papa se sente cada vez mais à vontade. Com seus sapatos vermelhos da alta qualidade, prega: "Um homem ou uma mulher despreparados para os desafios reais de uma correta interpretação da vida cristã será presa fácil a todos os assaltos do materialismo e do laicismo".
Quando a briga começou, os Racionais cantavam "Eu Sou 157" (no Código Penal, o artigo 157 trata de roubo: "Subtrair coisa móvel alheia mediante grave ameaça ou violência à pessoa"). O ladrão da música é herói ("As cachorra me ama/ Os playboy se derrete").
A música também esteve presente na fala do papa. Ao defender o meio ambiente, ele citou um trecho do hino brasileiro: "Nossos bosques têm mais vida".
Mano Brown é Pedro Paulo Soares Pereira, 37, nascido em São Paulo.
Bento 16 é Joseph Alois Ratzinger, 80, nascido em Marktll am Inn, sul da Alemanha.
Cada um à sua maneira, ambos são solenemente ignorados pelas massas que pretendem atingir.

CD PLAYER

PLAY: "MEXICAN RADIO", KINKY
Clássico dos anos 80, da banda Wall of Voodoo, regravado pelo grupo mexicano. Como se o Arcade Fire tivesse mudado para Tijuana.

PLAY: "TO HELL WITH GOOD INTENTIONS", MCLUSKY
Em tempos sacros, nada como um pouco de niilismo para a gente botar os pés no chão.

EJECT: "ICKY THUMP", WHITE STRIPES
Faixa-título do novo álbum. Os WS eram um Led Zeppelin tosco. Agora são só um Led Zeppelin.

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O youtube e o googlevideos têm imagens que documentam o que ocorreu. Leiam os textos anexos dos videos com atenção:

by Transitobr
Mais um episódio de violência policial gratuita em shows de rap. A PM investiu contra o público presente na Praça da Sé com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha. A justificativa foi que alguns presentes subiram em uma banca de jornal para assistir ao show e se recusavam a descer. Os dois vídeos que fiz mostram Mano Brown tentando apaziguar os ânimos (ao contrário do noticiado pela UOL, que o acusou de incitar o tumulto), e a banda começando a tocar Negro Drama e Um Por Amor, Dois Por Dinheiro. O apetite da polícia acabou com a festa. A violência se espalhou pelo centro da cidade, com PMs ameaçando até jornalistas com credenciais à vista, e evacuando a praça e o backstage do evento) com violência. Fui impedido de documentar as ações da tropa de choque. O segundo vídeo não consegui ainda postar aqui, só no Google Videos: http://video.google.com/videoplay?docid=6430292241424408602

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