18 de março de 2006

Língua Escrita

Encontrei (por acaso) alguns textos interessantes no multiverso da rede. Tento transcreve-los (?) aqui. Veja original em:
http://listas.softwarelivre.org/pipermail/psl-brasil/2005-May/003419.html

obs: sl = sofware livre

Marcelo D'Elia Branco escreveu:
Em Seg, 2005-05-23 às 12:53 -0300, "Ricardo L. A. Bánffy" escreveu:

É que tem um limiar que, quando transposto, limita muito a capacidade do
indivíduo de se expressar.

A língua é uma ferramenta que usamos para formar idéias mesmo antes de
expressá-las.


Existem culturas orais que não escrevem e formaram idéias e se
expressaram maravilhosamente durante séculos. Até hoje.
Acho que a língua escrita é uma ferramenta simbólica para expressar as
idéias e manter um registro histórico (banco de dados) de forma superior
a cultura oral ou de outros símbolos usados na história . Mas a ausência
do domínio perfeito da escrita não limita as idéias. Antes vem a
criatividade, as idéias e depois a escrita.
...
(...) Já trabalhei (na capoeira) com
culturas orais afro-descendentes que tem um domínio da criatividade e
do raciocínio muito superior à maioria da cultura ocidental (escrita)
...e tive que colocar a minha opinião.
De qualquer modo, tenho algumas observações:
 1) Reconheço que fico muito envergonhado quando encontro numerosos erros
de português em comentários defendendo SL (ou em programas em
português), especialmente em contextos de certa formalidade. Acho que
estudar um pouco (e revisar os textos) não faz mal a ninguém...

2) Por outro lado, não acho que alguém deva se abster de opinar sobre
algo devido a limitações do domínio da língua. Senão, alcançar algum
nível de equilíbrio social será impossível: o que se consegue é aumentar
a exclusão.

(...)

Glauber Machado Rodrigues (Ananda)
escreveu em Segunda Maio 23 15:48:42 BRT 2005

Tenho opiniões parecidas com a do Hudson, exceto pelo fato de não me
sentir envergonhado. Alguns dos motivos são:

1: Me causa orgulho ao saber que uma pessoa aprendeu a gostar de SL (software livre)
antes de poder dominar sua lingua nativa. É emocionante saber que,
para essas pessoas, as vantagens de se usar e defender o SL foram
muito mais óbvias que as regras da lingua de seu país.

2: Não acho que alguém deva engolir a sua opinião por achar que não
conseguirá transmiti-las de forma academicamente correta. Se alguém
tem algo a dizer, mas desliza aqui e acolá, não me causa vergonha ou
constragimento a limitação alheia.

3: Sou maduro o suficiente para entender que nada tenho a ver com
pessoas que gostam do que eu gosto. É como ter vergonha de ser pintor
pois Hitler tinha grande paixão pela pintura, embora lhe faltasse
talento.

4: minha vivencia de programador me leva a atentar mais as idéias do
que ao código. É como se ao programar eu compilasse tudo assim que
achar que a lógica da coisa está correta, pois os erros de código
serão encontrados pelo compilador. Nem reparo quando meus olhos passam
por um erro meu ou dos outros, pois geralmente não leio procurando por
erros, e sim pela mensagem, e sei que o mesmo motivo que me leva a
errar leva também outras pessoas. Não acho isso correto, mas acho
compreensível. Também tenho mania de esperar que os outros não se
importem com esses erros.

5: Jornalistas tem revisores para encontrar seus erros. Pessoas comuns
não só não têm revisores a sua disposisão, como não vivem do português
correto que escrevem.

6: Portugues é uma lingua complicada. Dominá-la leva tempo, e escrever
de acordo com suas regras, mais tempo ainda.

7: Sentir vergonha dos outros é um atraso de vida.

8: Essa mensagem deve conter erros, e se eles te envergonham, me
desculpe, mas como uma pessoa culta como você pode conferir a mim tal
poder? Você prefere esses jornalistas que escrevem, de forma correta,
sobre assuntos que nao entendem?

A mim, o que me entristesse, é saber que das faculdades de jornalismo
saem profissionais exelentes em redação, mas sem nenhuma capacidade.


(ou interesse) de comunicar a verdade.

(obs2: estes textos criticam uma matéria da revista Veja ,
"Software Livre quase virou obrigatório")

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