11 de setembro de 2006

Inclusão: rascunho de pesquisa

Livros que a professora Maria Lúcia da sala SAI, especializada em deficiência mental, me emprestou:

BEYER, Hugo Otto. Inclusão e Avaliação na Escola: de alunos com necessidades educacionais especiais. Porto Alegre, Editora Meditação, 2005.

KIRK, Samuel A./GALLAGHER, James J.. Educação da Criança Excepcional. (original americano de 1962). São Paulo, Martins Fontes, 2ª edição, 1991.

MACEDO, Lino de. Ensaios Pedagógicos: Como construir uma escola para todos?. Porto Alegre, Artmed, 2005.

Revista Inclusão, ano 1, nº 1, outubro 2005. SEE/Mec. (faça download no link ao lado)


Sobre a Revista Inclusão

Copio o relato das páginas 53/54, da professora Débora Araújo Seabra de Moura, com síndrome de down.(ver no final deste rascunho)

“Os alunos com necessidades especiais não requerem integração. Requerem educação.” - Heyarty & Pocklington citado por Drª Pilar Armay Sánchez.

No artigo “A Educação Inclusiva: um meio de construir escolas para todos no século XXI” Ela destaca os princípios da Inclusão:

– cooperação / solidariedade
– comunidade
– valoração das diferenças (contra os preconceitos)
– melhora para todos
– pesquisa reflexiva (aprendizado ativo e promotor da autonomia)


Destaco artigo recomendado por Maria Lúcia na página 40: A Educação Inclusiva: Será que sou a favor ou contra uma escola de qualidade para todos??? , de Windys B. Ferreira (SEESP/ME, Unesco, Banco Mundial).

Propões derrubar barreiras de acesso: -
– no espaço
– à escolarização
– ao currículo

Não tenham descrença. Tenham vontade! Se você não puder sozinho, poderemos juntos! (pensoa ao ler seu texto)

Tópicos da Escola Inclusiva para todos:

– melhorar gestão – que deve ser participativa / democrática.
– Investir na formação contínua de educadores
– relacionar aprendizagem e diversidade

Definição de Windzys, na página 43:
“Escolas Inclusivas são escolas que devem levar em conta TODAS as crianças e suas necessidades educacionais, pessoais, emocionais, familiares, etc. Uma escola inclusiva deve ser humanística, no sentido de assumir a formação integral da criança e do jovem como sua finalidade primeira e última (...) lutar pelo direito de todos aqueles que vivem em situações de risco, como resultado de uma sociedade injusta e desigual que privilegia os que têm em detrimento daqueles que nada possuem.”

Em oposição, ela mesma observa que: “A escola que conhecemos quer sim controlar o estudante, amordaça-lo e silencia-lo.”

Observo: Esta não é uma vontade do indivíduo professor, mas uma exigência de um sistema que parece feito só para ocupar uma massa de jovens.

Saite sugerido:
www.unesco.org/education/educprog/sne

Windys também cita o “Index para a Inclusão”, consultado em: www.inclusion.uwe.ac.uk
que estabelece a urgência de promover:

“processo que aumente a participação de estudantes [nas atividades e vida escolar] e reduza sua exclusão da cultura, do currículo e das comunidades das escolas locais.”

“é responsabilidade da escola e dos professores criar formas alternativas de ensino e aprendizagem mais efetivas para todos.”
> Metodologia que garanta que aluno se sinta motivado para ir para a escola.


Beyer (2005) faz levantamento histórico sobre o processo de inclusão. Cita Thomas Kuhn e seu conceito de paradigma que deve ser constantemente contestado e reformulado.
Segundo ele a educação de crianças com necessidades especiais passou / passa por mudanças de enfoque que vão do pensamento médico ao resgate pedagógico.

O princípio do conceito de resgate pedagógico é localizado no século XIX caso do menino-lobo de Aveyron (França) tratado por Jean-Marc Itard. O menino foi descrito por alguns como potencialmente autista, mas o mais provável é que tenha se fechado à comunicação por falta de contato humano na infância. Apesar de ter falhado em ensinar o menino a falar, as pesquisas de Itard foram aproveitadas por seu aluno Edward Seguin no desenvolvimento de metodologias para atender crianças e adultos julgados retardados.

Além destes, Beyer cita outros paradigmas, inclusive o sociológico: “A deficiência não é um determinado estado médico e também não é um produto obrigatório das instituições, mas muito mais um processo de atribuição de expectativas sociais. Ela está ligada às normas, preconceitos e valores presentes na interação entre os que definem e os que são definidos e é linguística e simbolicamente mediada. O deficiente desvia-se das normas da sociedade, porque ele é o outro “outro de uma forma não desejável” (Goffman)... “.... citando Bleidick, 1981.

Princípios destacados por Beyer para a inclusão:
– Individualização do ensino (alvo, didática e avaliação particularizados).
– Bidocência – no mínimo dois professores. Maior investimento financeiro.
– Comunalidade – educação de alunos com necessidades especiais em salas comuns.
– Necessidade - todos os alunos recebam educação adequada às suas necessidades;
– Proximidade – facilitar acesso na própria comunidade onde reside o alunos. Levar até lá especialistas para auxiliar no atendimento.
– Adaptação – ações necessárias para garantir que alunos com necessidades especiais frequentem as escolas regulares.


Beyer explica abordagem vygotskiana da inclusão:
página 107:
Vygostski (1997) afirma que “se é praticamente inútil lutar contra o defeito e suas consequências diretas, é, ao contrário, legítima, frutífera e promissora a luta contra as dificuldades na atividade coletiva.” (...) Em relação à criança com deficiência mental, ele observa que uma ação danosa é aquela em que ela é inserida em grupos homogêneos, como é comum de ocorrer em classes e escolas especiais. Ela é privada da possibilidade de beneficiar-se das competências cognitivas de outras crianças, que poderiam desempenhar o papel de mediadoras junto às suas zonas de desenvolvimento.

Página 104: A abordagem vygotskiana anuncia, contrariamente às práticas frequentemente desenvolvidas na educação especial, isto é, voltadas para compensações terapêuticas e reforços primários de comportamento, que as melhores possibilidades de desenvolvimento e aprendizagem das crianças com especiais encontram-se justamente na esfera onde menos se acredita que estas possam crescer, ou seja, nas funções mentais superiores. A “história didática” da educação especial ilustra isto muito bem: as escolas especiais sempre primaram por desenvolver práticas baseadas em recursos concretos ou manuais, acreditando na debilidade dos alunos em representar abstratamente.


Beyer também destaca a abordagem de Reuven Feuerstein, discípulo de Piaget, mas que adota um conceito de “mediação” muito semelhante a Vygotski. Segundo ele, deficiências de aprendizado podem surgir da privação cultural (falta de contato com mediadores: “resultado de uma falha da parte de um grupo em transmitir ou mediar sua cultura à nova geração”). Para tentar superar esta deficiência inventou a PEI = programa de enriquecimento instrumental.

Página 116
Para ele, os distúrbios biológicos ou orgânicos têm suas consequências agravadas, com o possível acréscimo de desvantagens psicossocias decorrentes de situações de isolamento social. (...) Porém, nem todas as pessoas com deficiência orgânica a experimentam privação social. Pode ocorrer a situação inversa, ou seja, mesmo com a disfunção orgãnica, a dinãmica social (família, escola, comunidade, etc.) propicia compensações psicossociais. Para Vygotski, e para Feuerstein também, isto é de fundamental importância.

Kirk e Gallagher (1991), traz conceitos já ultrapassados, mas é um livro muito completo.

Ainda separa crianças com deficiência mental em categorias que definem se ela estará numa escola normal ou numa escola especial: Deficintes mentais educáveis, Deficientes Mentais Treináveis e Deficientes Mentais Graves e Profundos.

Na página 124 traz uma tabela classificatória resumida: Níveis de deficiência mental
(omito aqui a tabela)

Causas da deficiência mental:

Os autores perguntam: “O cérebro humano é capaz de entender o cérebro humano?”

Alguns agentes causadores de deficiência mental:
– infecção e intoxicação
– trauma ou agente físico
– metabolismo ou nutrição
– doença cerebral grave
– influência pré-natal desconhecida
– anormalidade cromossômica
– distúrbios de gestação
– retardo decorrente de distúrbio psiquiátrico
– influências ambientais

Entre os distúrbios genéticos os autores destacam a Síndrome de Down.

Copio da página 129:
Uma das condições mais comuns e facilmente reconhecíveis é a Síndrome de Down. Esta condição, chamada anteriormente de mongolismo, devido a uma semelhança superficial com a raça oriental, foi uma das primeiras a ser associada às anormalidades genéticas (Lejeune, Gautier e Turpin, 1959). As pessoas nesta condição têm 47 cromossomos ao invés dos 46 normais (...) Tal condição leva à deficiência mental moderada ou leve, acrescida de vários problemas de audição, formação do esqueleto e de coração. A presença da síndrome de Down é também relacionada à idade da mãe, mais de 50 por cento das crianças com síndrome de Down nasceram de mães com mais de 35 anos (...) Não se deve concluir, contudo, que a causa exclusiva do cromossomo extra é a mãe. O pai contribui com o cromossomo extra em 20 a 25 por cento dos casos.

Os autores observam que hoje é possível diagnosticar a síndrome de Down antes do nascimento, o que gera um problema moral em se interromper ou continuar com a gravidez.





QUESTIONÁRIO PARA PESQUISA:

PRIMEIRO NOME: IDADE:
FORMAÇÃO:
SÉRIE:

1- Quais estudantes com necessidades especiais você está atendendo atualmente?

2- Quando e como ele chegou para seu atendimento em sala de aula?

3- Quais dúvidas e pensamentos primeiro lhe ocorreram ao receber este(s) alunos?.

4- Que tipo de apoio você recebeu?

5- Você acha que este(s) estudantes especiais progrediram com seu auxílio?

6- Que sugestões de abordagens e atividades você dá para um educador que fosse começar agora a atender estudantes com as mesmas deficiências dos seus alunos?

7- Você acha que a escola pública comum pode incluir a todos sem exceção?

8- O que a escola precisa para ser inclusiva para todos os estudantes sem exceção?

veja uma bela imagem da BBC portuguesa.

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