O reconhecimento pode tardar, mas não falha. O que este cara fala é importante porque é justo. Vale a compra.
Retiro de:
http://carosamigos.terra.com.br/nova/ed131/entrevista_marcos.asp

"É preciso acabar com a cultura do erro"
![]()  |              Certamente por ignorância, a gente "descobriu" só agora um representante do grupo de lingüistas que está virando de cabeça pra baixo o português que todos aprendemos na escola. Ele vem informar que o que vale agora é o português brasileiro, a lingua que o povo fala, que as famílias falam, que nós falamos, e não aquela que pregam os manuais de redação ou os "consultórios" gramaticais dos jornais. Apostamos que a maioria de vocês, leitores que sabem ler, será surpreendida por este papo impressionantemente revelador com o autor do livro Preconceito Lingüistico (hoje na 49º edição), Marcos Bagno.          entrevistadores carlos azevedo, mylton severiano, marcos zibordi, mariana santos, michaela pivetti, renato pompeu, roberto manera, rodrigo aranha, thiago domenici, vinícius souto, sérgio de souza / fotos marcos muzi  |            
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trecho 1 
        
THIAGO DOMENICI Quando começou o seu           interesse pela lingüística?
          Desde criança me interessei por línguas em           geral, pelo fenômeno da linguagem, sempre           gostei de ler e de escrever, e aí, conseqüentemente,           inventei que queria ser escritor.
   
   
    MYLTON SEVERIANO Paulistano?
          Não, mineiro, de Cataguazes. Mas desde           cedo a família saiu de lá e a minha formação básica           foi no Rio de Janeiro, depois Brasília, onde           comecei a graduação em letras, e terminei na           Universidade Federal de Pernambuco, fiz lá o           mestrado em lingüística. Depois o doutorado           em língua portuguesa aqui na USP. Por causa           do meu histórico familiar – meu pai foi militante           do Partido Comunista –, tentei achar um           caminho que pudesse associar o meu interesse           pela linguagem às questões sociais, antropológicas,           políticas. Acabei chegando na sociolingüística,           disciplina que trata dessas relações da           língua e das pessoas que falam as línguas. Existe           na universidade uma certa corrente que gosta           de estudar a língua como se ela fosse falada           por ninguém, sem levar em consideração os           fenômenos sociais inevitáveis que circulam em           torno do uso da língua em sociedade.         
trecho 2
        
MARCOS ZIBORDI A linguagem da Internet  é necessariamente um rebaixamento           da língua?
          Do ponto de vista científico, a gente nunca           fala que existe uma forma mais nobre ou inferior           ou mais rebaixada de usar a língua. Na           Internet há um uso da língua com suas características           e suas peculiaridades e a gente tem           que encarar dessa maneira.
 
 
        
"Não existe norma mais nobre ou inferior de usar a lingua" 
           
           
           
        
trecho 3 
        
CARLOS AZEVEDO A gente ouve dizer que a           língua está se vulgarizando, perdendo           a sua harmonia, a sua beleza. Isso           está acontecendo ou é uma visão           preconceituosa?
  É recorrente esse discurso de que a língua           de hoje representa um estado deteriorado de           uma suposta época de ouro no passado. A gente           encontra isso em qualquer língua, em toda           a história, desde pelo menos o século 3 a.C., e           para o lingüista isso não faz o menor sentido.           As línguas se transformam, mudam nem pra           melhor, nem pra pior, simplesmente mudam           para atender às necessidades cognitivas e interacionais           de seus falantes. Porque, se quiséssemos           manter a pureza do português, teríamos           que falar latim, mas o latim já é uma           língua derivada de outra, então, se a gente           quisesse manter a pureza do latim, a gente teria           que falar indo-europeu, que é uma língua           falada 5.000 anos antes de Cristo.
        
        
A edição CA131 impressa com a íntegra desta entrevista JÁ ESTÁ NAS BANCAS!
Ou leia aqui mesmo artigos relativos a este assunto em:
http://ekalafabio.blogspot.com/2007/11/fhc-o-portugus-correto-e-outras.html
(texto do colega Carlos Carota)
e
http://ekalafabio.blogspot.com/2006/08/morfossintaxe.html


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