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28 de agosto de 2005
O Corvo
consultem:
http://paginas.terra.com.br/arte/PopBox/framepoe.htm
saite excelente sobre a obra mais comentada do mestre Edgar Allan Poe, O Corvo. Nele há, simplesmente, TODAS as suas traduções para o português (algumas recentes, apenas trechos) e uma série de artigos de gente como, por exemplo, Paulo leminski.
Para os estudantes de letras: "A filosofia da composição" também está neste saite! Ou seja, tem que estar nos favoritos de todos que têm algum interesse em literatura.
27 de agosto de 2005
Notícias
Filha de JK rejeita comparação de Lula com ele : http://noblat.ultimosegundo.ig.com.br/noblat/index.html#post10412
É a terra arrasada, diz Verissimo sobre a crise : http://oglobo.globo.com/jornal/pais/169604923.asp
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(sobre ser professor. reflexão iniciada 27.07.05)
Não é difícil descobrir porque há um grande desânimo com o magistério. Acho que é esta a palavra. Todos observam claramente que a educação não está tendo os melhores resultados... Será mesmo? Só tenho certeza que ainda falta muito.
Já os professores: estão descontentes. Acho que o problema não é apenas salário (é também – mas não só). Um professor que trabalhou 25 anos em sala de aula, lecionando português, disse reconhecer que tudo o que conquistou foi graças ao magistério, entretanto hoje está readaptado (fora da sala de aula) por estresse e diz detestar a sua profissão. Como pode?
Ele me disse que antes, quando ele começou, era gostoso dar aula – E agora é uma tortura. Ele mudou? A escola mudou?
Agora que estou de verdade na sala de aula, com a obrigação de planejar um projeto de aprendizado sequêncial, estou imerso neste problema. A motivação. Ela está dentro de mim – por isso virei professor. Como os jovens devem se motivar? Qual a fagulha?
Uma opção é apelar para o recurso “um” da educação: a ludicidade.
As crianças adoram, é claro. Mas não é fácil. E pior ainda: não há só crianças na sala. Alguns adolescentes não aceitam nem a aula "tradicional", nem "jogos e brincadeiras".... Temos muito o que buscar.
26 de agosto de 2005
Korczak mais uma vez
25 de agosto de 2005
Savater
Vejam um pequeno trecho de seu principal livro, O Valor de Educar, em:
http://novaescola.abril.com.br/ed/162_mai03/html/aquele.htm
22 de agosto de 2005
Linguagem Total de Gutierrez
p. 43 “(...) O Professor passa a maior parte do tempo dando ordens, admoestando ou castigando. Se não chega a esse extremo é porque terá assumido uma atitude paternalista. O que, para o problema que nos interessa, vem a ser a mesma coisa.
Ao aluno está vedado tomar tomar decisões ou iniciativas. O sistema de qualificação de competição provoca atitudes de trabalho vigiado e remunerado; atitudes de hostilidade para com os companheiros de curso; atitudes de passividade e silêncio (de fato, obriga-se os alunos a ficarem várias horas, por dia, imóveis e calados). Esse sistema compulsivo faz com que as crianças assim oprimidas se tornem tão frenéticas e coléricas que não resta constrolar essa situação senão à base de sistemas de quartéis.
Somente com uma participação ativa no processo permitirá à criança educar-se com responsabilidade. Porém, essa participação não pode acontecer senão em liberdade. Este “medo da liberdade” é a verdadeira pedra fundamental do sistema educativo. (...)”
O autor defende a “pedagogia de projetos” e o uso crítico dos meios de comunicação social (multimídia, internet, jornais, etc...) contra a massificação e opressão da sala de aula. Na sua dicotomia pedagógica, a sala de aula deveria ser abandonada em prol de um diálogo professo-animador x aluno-investigador nos mais diferentes espaços (fábricas, bairros, cinemas e, inclusive, salas... ).
O problema (é fácil perceber) é que uma pedagogia assim não pode ser “de massa” (ou massificada), traduzindo melhor: não pode ser praticada por um número pequeno de profissionais junto a um número gigantesco de alunos. Apesar disto o livro é excelente, valendo uma leitura atenta .
21 de agosto de 2005
Wikipedia
Motivação e (des)Educação
http://www.profissaomestre.com.br/smu/smu_vmat.php?vm_idmat=1133&s=501
20 de agosto de 2005
Cintra
http://www.bn.com.br/~gcintra/
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Como o principal assunto do professor Cintra é lingüística, aproveito para deixar mais uma dica:
http://www.radames.manosso.nom.br/gramatica/silaba.htm
e
http://www.filologia.org.br/viiicnlf/anais/caderno10-01.html
Decidi rever meu projeto de aulas para 5ª e 6ª's séries - Vou re-começar do princípio, como já dizia Aristoteles, e rever os conceitos de letra, fonema e sílaba (deixando para depois verbos, advérbios e predicado) / só que misturando com algumas idéias que tirei do livro Gramática da Fantasia do Rodari e de Criatividade e Gramática do Franchi.
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O mundo de mentirinha (a TV, os Jornais... coisas assim) é cheio de surprezas. Pelé e Maradora encontraram-se e viraram amiguinhos de infância! Veja a versão em quadrinhos:
http://www.universohq.com/quadrinhos/2005/n19082005_13.cfm
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Várias pessoas me indicaram a revista Língua Portuguesa. Uma colega até me emprestou a revista! Gostei muito. No saite é possível ler na íntegra a entrevista com Millôr Fernandes, matéria de capa.
Destaques: - Gramática Normativa em forma de Cordel do professor Janduhi da Paraiba.
- Análise feita por Marcelo Coelho de trecho do famoso "Relatório ao governo de Alagoas" do mestre Graciliano Ramos.
16 de agosto de 2005
Bloguês ou Internetes
15 de agosto de 2005
Cotas para negros
sugeri leitura de Sabrina Moehlecke, que trata muito bem o tema "ações afirmativas":
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-20072003-172034/
13 de agosto de 2005
Tubarões, Brecht, Anjo Mecânico e Boff
http://midiaindependente.org/pt/blue/2005/08/326337.shtml
veja o seguinte blog:
http://anjomecanico.blogspot.com/2005/07/indisciplina-e-agressividade-so.html
onde o post de Julho 19, 2005 discute a questão da disciplina pelo ponto de vista anarquista.
citação:
TODO PONTO DE VISTA E A VISTA DE UM PONTO
"Ler significa reler e compreender, interpretar. Cada um lê com os olhos que tem. E interpreta a partir de onde os pés pisam. Todo ponto de vista é a vista de um ponto. Para entender como alguém lê, é necessario saber como sao seus olhos e qual é sua visao de mundo. Isso faz da leitura sempre uma releitura. A cabeça pensa a partir de onde os pés pisam para compreender, é essencial conhecer o lugar social de quem olha. Vale dizer: como alguém vive, com quem convive, que experiências tem , em que trabalha, que desejos alimenta, como assume os dramas da vida e da morte e que esperanças o animam. Isso faz da compreensao sempre uma interpretaçao. Sendo assim, fica evidente que cada leitor é co-autor. Porque cada um lê e relê com os olhos que tem. Porque compreende e interpreta a partir do mundo que habita."
Leonardo Boff. A Aguia e a Galinha, 1997.
este texto foi usado dia 05/08 na reunião pedagógica da escola onde trabalho. retiro do blog La Vida Es Sueño. uma professora reclamou (para mim) não ter gostado. disse não entender. eu acho que tem a ver com... ponto de vista...
Gramatica da Fantasia
outra ref, sobre rodari: http://www.angelfire.com/ab/jogos/clube/contar_historias.html
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sugestão de atividades pedagógicas com jornais:
http://www.profissaomestre.com.br/smu/smu_vmat.php?s=501&vm_idmat=1941
no mesmo site há uma interessante lista de "conselhos" para que o professor não se torne mais um "chato"
http://www.profissaomestre.com.br/smu/smu_vmat.php?s=501&vm_idmat=61
bem divertido! e, como costuma ser, educativo...
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tem um comentário legal sobre o livro "Amar, verbo intransitivo" de mario de andrade em:
http://lite.fae.unicamp.br/grupos/geish/mario.htm
Atividade: Quebra-cabeça lingüístico
As frases foram montadas pela professora Claudia de metodologia, inspirada no texto "Dificuldades na Leitura/produção de textos: os conectores interfrásticos" de Ingedore Koch e (também) em atividades usadas com alunos de nivel 1, com contrução de palavras.
Nesta atividade são construídas frases:
configure as páginas com paragrafos de tamanho 1 cm.
Folha 1 impressa em papel amarelo (ou outra cor):
Apanhei os frutos
Casou-se com um mulherengo
Me surpreendi com aquela atitude
Eu comi tanto
Não sei
Macaco
Eu fiz o almoço
Primeiro deu-lhe um soco,
Trabalhei demais ontem,
Fiz o que pude
Por favor, não insista:
Você quer café
Folha 2 impressa em papel rosa (ou uma cor diferente da folha 1) - é a parte mais importante, são os conectores:
que
porém
embora
que
se
que
conforme
depois,
por isso
para que
depois que
ou
Folha 3 impressa em papel azul (ou uma cor diferente das duas primeiras):
estavam maduros.
,arrependeu-se amargamente.
eu tenha convivido com ele por séculos.
fiquei com a barriga estufada.
você vai gostar da nota que tirou.
muito pula acaba quebrando o galho.
você me mandou, querida.
um chute no estômago.
fiquei cansada.
ele liberasse sua entrada no show.
eu terminar a aula, falo com você.
prefere chá?
Depois é só recortar as frases e colocar em envelopes. neste exemplo há 36 peças que formam até 12 frases. Imprimi 6 vezes e montei 6 envelopes, que usei na "atividade lúdica" a que me referi na postagem de ontem, 12/08.
Mordida
http://www.contracampo.com.br/70/inocentemordida.htm, veja o cartaz.
Abaixo, letra de uma música que tem sido muito usada pedagogicamente nas escolas. É fácil perceber porque:
Admirável Chip Novo
Pitty
Pane no sistema alguém me desconfigurou
Aonde estão meus olhos de robô?
Eu não sabia, eu não tinha percebido
Eu sempre achei que era vivo
Parafuso e fluído em lugar de articulação
Até achava que aqui batia um coração
Nada é orgânico é tudo programado
E eu achando que tinha me libertado
Mais lá vem eles novamente e eu sei o que vou fazer:
Reinstalar o sistema
Pense, fale, compre, beba
Leia, vote não se esqueça
Use, seja, ouça, diga
Tenha, more, gaste e viva
Não sinhô, Sim sinhô, Não sinhô, Sim sinhô
12 de agosto de 2005
Culto
a sala de aula perdeu o seu valor de culto
tiro a idéia de walter benjamin, que fala no "valor de culto" de todas as artes, que estaria se perdendo na "era da reproduvidade técnica". acredite: ensinar e aprender é uma arte (tanto quanto o teatro) profundamente ligada à religião e às tradições locais - melhor dizendo, foi - em sua origem.
onde foi que tudo se perdeu?
o professor não tem mais o controle disciplinar da sala - a famosa posição hierarquica de "autoridade"... esta foi completamente transmitida para: livro didático, direção, coordenação, inspetoria de alunos, sistemas de ensino, conselho de escola, etc...
acho que saímos perdendo.
pior, tenho certeza que os alunos estão perdendo.
o interessante é que o professor (na maioria dos casos, eu inclusive) não quer mais esta posição de "regente" da sala. sim... às vezes temos recaídas, mas sempre brutais e pouco focalizadas, portanto, pouco eficientes em termos pedagógicos (meu conselho: melhor manter a paciência).
e então?
busquei alternativas. atividades lúdicas costumam ter bons resultados - pelo menos todos participam.
mas sou teimoso - fico achando que não basta e quero explicar.
mas brincadeira não se explica...!! mas estamos na escola, oras...
hoje (em especial) procurei conversar com os alunos um por um. problema: quando você convence um lado da sala a prestar atenção, o outro já está perdido... os jovens são rápidos e fúteis, é da sua natureza.
será que eu era assim, meu deus? não lembro. lembro que brigava muito, inclusive dentro da sala de aula, mas nunca na presença do professor....
preciso entende-los.
será porque a aula está chata? será só por causa disso?
se for... tudo bem, então o problema é fácil de ser solucionado (a pergunta já traz a resposta). agora... e se não for só isso?
9 de agosto de 2005
Canto de Xangô
Canto de Xangô
(Baden Powell e Vinícius de Moraes)
Eu vim de bem longe
Eu vim, nem sei mais de onde é que eu vim
Sou filho de Rei
Muito lutei pra ser o que eu sou
Eu sou negro de cor
Mas tudo é só o amor em mim
Tudo é só o amor para mim Xangô Agodô
Hoje é tempo de amor
Hoje é tempo de dor, em mim Xangô Agodô
Salve, Xangô, meu Rei Senhor
Salve, meu Orixá
Tem sete cores sua cor
Sete dias para gente amar
Mas amar é sofrer
Mas amar é morrer de dor
Xangô meu Senhor, saravá! Me faça sofrer
Ah, me faça morrer Ah, me faça morrer de amar
Xangô, meu Senhor, saravá Xangô Agodô
BERIMBAU
Baden Powel e Vinícius de Morais
Quem é homem de bem não trai
O amor que lhe quer seu bem
Quem diz muito que vai, não vai
Assim como não vai, não vem
Quem de dentro de si não sai
Vai morrer sem amar ninguém
O dinheiro de quem não dá
É o trabalho de quem não tem
Capoeira que é bom não cai
Mas se um dia ele cai, cai bem
Capoeira me mandou dizer que já chegou
Chegou para lutar
Berimbau me confirmou
Vai ter briga de amor
Tristeza, camará
Êeee... Camará... Êeee... Camará...
Consolação
(Baden Powell e Vinícius de Moraes)
Se não tivesse o amor
Se não tivesse essa dor
E se não tivesse o sofrer
E se não tivesse o chorar
Melhor era tudo se acabar Melhor era tudo se acabar
Eu amei, amei demais
O que eu sofri por causa do amor Ninguém sofreu
Eu chorei, perdi a paz
Mas o que eu sei É que ninguém nunca teve mais
Mais do que eu
consulte estas e outros afrosambas em: http://www.spaghettitaliani.com/Musica/Testi/Afrosambas.htm
página sobre Paolo Bellinati & Monica Salmaso, que em 1995 regravaram o álbum clássico Afrosambas (que é de 1966 !).
p.s.: Mais informações sobre o álbum original de Baden & Vinicius ver em:
http://www.luizamerico.com.br/fundamentais-baden-vinicius.php
excelente sítio de Luiz Americo que conta a história da música popular brasileira. Em tempo - coloco post scriptum 29/10/05, quando conseguir baixar este disco pelo programa e-mule, num arquivo rar de algum espanhol. Para abrir o arquivo precisei baixar também o programa winrar
8 de agosto de 2005
Escola Pública
veja o dossiê em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/treinamento/educacao/
7 de agosto de 2005
Aula de Português
na ponta da língua,
tão fácil de falar
e de entender
A linguagem
na superfície estrelada de estrelas,
sabe lá o que ela quer dizer?
Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,
e vai desmatando
o amazonas de minha ignorância.
Figuras de gramática, esquipáticas,
atropelam-me, aturdem-me, seqüestram-me.
Já esqueci a língua em que comia,
em que pedia para ir lá fora,
em que levava e dava pontapé,
a língua, breve língua entrecortada
do namoro com a prima.
O português são dois; o outro, mistério.
Carlos Drummond de Andrade, citado no artigo O que é ensinar Português? de Débora Vieira
deboravieira@portugues.com.br
outro poema com temática parecida que aparece no mesmo site http://www.portugues.com.br
sintaxe
O assassino era o escriba
Meu professor de análise sintática era o tipo do sujeito inexistente. Um pleonasmo, o principal predicado de sua vida, regular como um paradigma da 1ª conjugação.
Entre uma oração subordinada e um adjunto adverbial, ele não tinha dúvidas: sempre achava um jeito assindético de nos torturar com um aposto.
Casou com uma regência.
Foi infeliz.
Era possessivo como um pronome.
E ela era bitransitiva.
Tentou ir para os EUA.
Não deu.
Acharam um artigo indefinido em sua bagagem.
A interjeição de bigode declinava partículas expletivas, conectivos e agentes da passiva o tempo todo.
Um dia, matei-o com um objeto direto na cabeça.
(LEMINSKI, Paulo. Caprichos e relaxos. São Paulo: Brasiliense, 1983) obs: no 2º link desta linha há informações técnicas bem precisas sobre os livros de leminski.
Anjos do Arrabalde
veja o cartaz para ter uma idéia.
esse é um daqueles filmes que todas as pessoas envolvidas com educação deveriam assistir.
outros que sugiro: ao mestre com carinho, sociedade dos poetas mortos, quando tudo começa (super político e sensível, minha professora de politica educacional passou na licenciatura), professor: profissão perigo (tudo bem: o título no brasil ficou horrível, mas o filme é razoável...)
ENQUANTO ISSO... NA ESCOLA
a diretora está me cobrando mais "firmeza" com os alunos. ela deve acha-los muito animados (e bagunceiros, é claro) quando passa pela janela - porque é só entrar na sala e reina o maior silêncio! de foto, para tentar ensinar os estudantes a ouvirem seus colegas já estou sendo mais severo (ei, eu também sei falar alto!), mas será este o cominho inevitável do professor? obrigar a atenção? ainda tenho muito o que aprender.... segunda, 08/08, faço 10 dias de professor.
6 de agosto de 2005
Fábrica de chocolates
http://www.a-arca.com/v2/noticiasdt.asp?sec=2&ssec=9&cdn=5805
Raul Seixas continua! sugeri para o colega Sinistro (pelo msn-messenger) a leitura do livro Raul Seixas: uma antologia. Há alguns trechos do livro no seguinte link:
http://www.geocities.com/Athens/Acropolis/2776/indexraul.html
achei sem querer (e gostei) um artigo sobre o clássico alice no país das maravilhas. vale a consulta:
http://www.a-arca.com/v2/artigosdt.asp?sec=3&ssec=10&cdn=7057
4 de agosto de 2005
Deve ser horrível ser normal
“Todas as pessoas que saem do padrão normal são consideradas loucas. Quando Shakespeare escrevia suas peças, cada uma mais deslumbrante que a outra, devia estar completamente louco. Ele parece ter entendido a alma humana de forma tão maravilhosa e profunda e ninguém jamais foi capaz de descrever os sentimentos humanos com a beleza e a profundidade que ele conseguiu descrever. Ele devia ser um homem louco.Todo artista é louco, toda pessoa muito inteligente é louca, toda pessoa que tem uma curiosidade que é sinônimo de inteligência maior que a dos outros é louca. E o que é ser normal ? Deve ser horrível ser normal. Eu dou graças a Deus de ser bastante louco. Acho que todo ator é um poouco louco.Eu me lembro de uma colega que me dizia: “Eu gosto de teatro até o dia da estréia. Três dias depois que eu entro no palco, pergunt a mim mesmo o que estou fazendo aqui. Bancando o palhaço para essa gente toda ?!” E ela largou o teatro por causa disso. A loucura do ator é ter escolhido a profissão de teatro e ter paixão por ela. A maioria das pessoas não quer ser ator ou atriz.O fato de o ator escolher o teatro como profissão, o que implica uma entrega total à platéia, já é uma loucura em si. Depois ele é obrigado a embarcar na aventura de conhecer por dentro um personagem. O fato de personificar um personagem exige dele um controle total sobre si mesmo; do contrário, na hora de interpretar Otelo, acaba matando a colega que faz Desdêmona. Um ator não pode jamais perder o controle. Quando ele perde, ele é um mau ator, um ator descontrolado.
Como já afirmei, todo artista tem um grãozinho de loucura dentro de si. Afinal, citando uma frase que todo mundo conhece, “de médico e de louco todo mundo tem um pouco”. Todo artista é louco na medida em que foge do padrão normal."
Texto de Paulo Autran – o ator (1997)