Texto atribuído a Paulo Autran, citado pela colega rosemeire da comunidade fflch, que recortou estre trecho de um jornal de alta circulação em São Paulo, em 1997:
“Todas as pessoas que saem do padrão normal são consideradas loucas. Quando Shakespeare escrevia suas peças, cada uma mais deslumbrante que a outra, devia estar completamente louco. Ele parece ter entendido a alma humana de forma tão maravilhosa e profunda e ninguém jamais foi capaz de descrever os sentimentos humanos com a beleza e a profundidade que ele conseguiu descrever. Ele devia ser um homem louco.Todo artista é louco, toda pessoa muito inteligente é louca, toda pessoa que tem uma curiosidade que é sinônimo de inteligência maior que a dos outros é louca. E o que é ser normal ? Deve ser horrível ser normal. Eu dou graças a Deus de ser bastante louco. Acho que todo ator é um poouco louco.Eu me lembro de uma colega que me dizia: “Eu gosto de teatro até o dia da estréia. Três dias depois que eu entro no palco, pergunt a mim mesmo o que estou fazendo aqui. Bancando o palhaço para essa gente toda ?!” E ela largou o teatro por causa disso. A loucura do ator é ter escolhido a profissão de teatro e ter paixão por ela. A maioria das pessoas não quer ser ator ou atriz.O fato de o ator escolher o teatro como profissão, o que implica uma entrega total à platéia, já é uma loucura em si. Depois ele é obrigado a embarcar na aventura de conhecer por dentro um personagem. O fato de personificar um personagem exige dele um controle total sobre si mesmo; do contrário, na hora de interpretar Otelo, acaba matando a colega que faz Desdêmona. Um ator não pode jamais perder o controle. Quando ele perde, ele é um mau ator, um ator descontrolado.
Como já afirmei, todo artista tem um grãozinho de loucura dentro de si. Afinal, citando uma frase que todo mundo conhece, “de médico e de louco todo mundo tem um pouco”. Todo artista é louco na medida em que foge do padrão normal."
Texto de Paulo Autran – o ator (1997)
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